A quase 200 anos atrás, um jovem cristão britânico que estudou teologia partiu para uma viagem ao redor do mundo. Quando ele deixou a Inglaterra ele não duvidava da verdade literal da bíblia. De fato, durante a viagem ele citou a palavra de Deus como autoridade moral, mas ele voltou com perguntas.
Durante os próximos, vinte anos, Charles Darwin, montou uma ampla gama de observações detalhadas que ele realizou como naturalista do navio, em um teoria científica que abalou o mundo. Isso também abalou o seu cristianismo anglicano.
Ao fim de sua vida ele fez uma confissão: Eu não tenho intenção de escrever de maneira ateísta, mas eu penso que eu não podia ver tão claramente como os outro o viam, e como eu deveria desejar fazê-lo, a evidência do design e benevolência em todos os lados de nós. Parece-me existir muito sofrimento no mundo. Eu não consigo me convencer que um Deus onipotente e benevolente teria criado uma Ichneumonidae (uma vespa parasita) com intenção expressa de se alimentar a dos corpos vivos de lagartas ou que um gato deve brincar com os ratos. ‘
Um dos sucessores modernos de Darwin, Richard Dawkins, colou esse argumento deuma forma ainda contundente:
‘O universo que observamos tem precisamente as propriedades que deveríamos esperar se no fundo, nenhum design, nenhum propósito, nenhum mal ou nenhum bem, nada além da cega e inclemente indiferença. ’
A afirmação de Dawkins pode parecer dura, mas a alegação que ele faz é modesta. O universo que observamos tem as propriedades que esperaríamos, baseado simplesmente em processos naturais que somos capazes de identificar. Ele não faz nenhuma afirmação sobre o que, se alguma coisa reside além dos domínios de nossas observações. Cuidadosas e repetidas observações do mundo natural, independente de quão meticulosas, vão nos permitir saber se existe outro domínio além dos nossos sentidos da nossa capacidade para processar informação. Mas elas nos permitem entender os intrincados meios do mundo natural, nos incluídos e eles nos permitem avaliar nossos conceitos de deus, na luz do que sabemos sobre nós mesmos.
O que poderíamos esperar que fossem os conceitos de Deus, se eles fossem produtos da evolução da mente humana?
No livro de pascal Boyer ‘Religião Explicada’, enfatiza as maneiras pela qual as nossas mentes não são um papel em branco. As eficiências são pré-construídas, sobre a forma de suposições padrão e categorias ontológicas, que funcionam de certa maneira como pastas de arquivo etiquetadas.
Nós forçamos as nossas experiências de vida nas categorias que estão disponíveis para nós e uma maneira como usamos isso é interpretar o mundo de maneira humanoide.
Nós humanos somos uma espécie formada por especialistas em informação social. O conhecimento é nossa moeda e a maior parte do conhecimento que necessitamos para sobreviver e até mesmo crescer nesse mundo vem de outros humanos. É a evolução coletiva e cultural, muito mais que só evolução biológica, que nos fez viver longamente e prosperar, assim superar o equilíbrio da natureza e popular todo o planeta.
Nossas mentes refletem o nosso nicho, sistemas especializados do cérebro estão configurados especialmente para processar a informação, vindas de outros humanos.
Esse sistema nos dá a habilidade de representar o que se passa na mente de outras pessoas na nossa própria.
Daniel Dannett discute essa habilidade no seu livro ‘A perigosa Ideia de Darwin’, no que ele demonstra ‘ se não pudéssemos antecipar as nossas ações, então nós basicamente teríamos que aprender tudo por tentativa e erro. O quão melhor seria se representarmos o ambiente externo em nossos cérebros e então executar simulações.
Nós mandamos adolescentes para auto escolas onde eles podem usar simuladores para que eles não tenham que colocar carros reais em risco ou desperdiçar os 16 anos que levamos para cria-los. Simulações tem valor para a sobrevivência. Consequentemente a seleção natural nos levou na direção de simuladores cada vez mais sofisticados. A mente humana tem simuladores sociais particularmente sofisticados.
Ao invés de sairmos dizendo ‘para quando você está esperando que seu filho nasce?’- Perguntando para uma mulher grávida.
Nós podemos antecipar como uma mulher consciente do seu excesso de peso se sentiria se de fato ela não estivesse grávida. Mas para sermos capazes de fazer isso, nós temos que ter a capacidade de representar outras mentes humanas, mentes reais, potenciais e até mesmo imaginárias dentro da nossa própria.
Crianças colocam nomes, identidades e sim emoções a objetos claramente inanimados. Ajuda se o objeto está cheio de espuma de poliéster e coberto com pelo sintético, mas na verdade qualquer coisa pode funcionar. Quando minhas filhas eram mais novas, nós viajávamos para visitar um amigo na Europa Oriental, as garotas estavam muito desinteressadas em conversas adultas em meio a cerveja, repolho cozido e bife. Em qualquer restaurante elas simplesmente sentavam pegavam suas facas e colheres, aos quais associavam nomes e identidades e continuavam a sua história onde os personagens eram de aço inox, povoado por garrafas vazies, xícaras e saleiros.
O jogo de talheres durava enquanto durasse a viagem, mas uma surrada baleia de pelúcia confortou uma das garotas por quase 10 anos.
Adultos normalmente não atribuem papeis a talheres, nós seguramente podemos, mas também não temos objetos transicionais, como cobertores especiais, ou animais de pelúcia. Mas nós damos nomes a navios e furacões e falamos deles como se eles tivessem preferências e intenções. Nós passamos a proteger mais os animais aos quais damos apelidos humanos. Nós selecionamos cães para que se pareçam com bebês de olhos grandes, dando preferência a criarmos aqueles que mais se parecem conosco ou que tenha algum valor para nós.
Nós gastamos tempo tentando obter favores de espíritos das árvores e de ancestrais e deuses.
Adultos que se derramam na tradição da religião podem simplesmente ir para o próximo nível da ainda antropomórfica, auto focada abstração. Alguns ainda falando como se o universo ouvisse os nossos desejos e pudessem ser manipulados para conseguirmos atende-los.
Livros da ‘nova era’ como ‘O Segredo’, por exemplo, induzem os seus leitores a acreditar que o universo se importa com seus desejos. Por isso é necessário um esforço consciente para deixarmos de lado, nossa instintiva projeção de nós mesmo no mundo físico, ainda mais daquilo que esteja além. E ainda assim, se nós nos importamos em honrar a realidade, Nós devemos!
O autor Dexter VanDango coloca da seguinte forma:
‘Se a humanidade quiser superar o Deus como o macho dominante insuperável, para o bem ou para o mal, é vital sempre ter em mente nossa própria psicologia, nossa biologia e nossas relações familiares. E também é igualmente essencial, perceber que Deus, se um projetista chamado Deus existir, que ele não possua nossas esperanças, nossos medos, nossos desejos ou emoções. Se deus de fato possuir qualquer coisa semelhantes aos nossos desejos e emoções esses ‘sentimentos’ provavelmente não tem nenhuma semelhança com os nossos. ‘
Um amigo meu colocou desta forma:
‘Eu sempre pensei como um deus considerado onisciente e onipotente, possa ainda ter qualquer coisa que seja semelhante a inteligência temporal e tudo o que isso significa, como emoções e razão. Sem tempo tudo é definitivo e possivelmente indeterminado até ao mesmo tempo, e uma mente de deus seria capaz de conceber isso. ‘
Como esses dois comentários ilustram, se nós humanos nos deixarmos comtemplar o quão pouco os humanos espertos sabem sobre a realidade, então a concepção ortodoxa Cristã da divindade se torna claramente auto centrada. É um testamento do quão centrado somos como espécie e tão pouco como humanos se sentem envergonhados de atribuir as suas divindades os atributos de primatas machos alfas.
‘e ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e Eva, sua mulher, da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim’. – Gênesis 3:8.
Para chamar as descrições Bíblicas de Deus de metáforas, como alguns cristãos modernos fazem, não faz com que a situação melhore nem um pouco. Uma metáfora sobre algo como o relacionamento humano com a realidade última precisa ser profundamente precisa.
O centro da gravidade precisa acertar em cheio, mesmo que na superfície ela pareça uma simplificação grosseira, mas as descrições bíblicas de Deus, parecem ter feito isso ao contrário. Ao invés de enaltecer o senso de uma inexprimível força, com que fosse compatível com as leis físicas e biológicas, eles forçaram a divindade em um modelo humano. Ao invés de ressaltar a humildade e o espanto e os fascínio do desconhecido, eles oferecem o conforto do falso conhecimento. Ao invés de serem fiéis com relação a atemporalidade, falta de localidade e da perfeição, eles são fiéis ao tempo, a cultura, o ecossistema e o vínculo de onde tudo começou.
Quando os autores da bíblia, diziam que Deus estava com raiva, triste ou satisfeito, eles tinham uma ideia superficial do que essas palavras significavam. Como eles poderiam saber que esses rótulos descreviam intrincados sistemas corporais tal como nossos campos visuais¿ Eles não entendiam como dois olhos criavam a visão binocular ou como nossos músculos contraem a mão, sem falar na química e as funções das emoções. Eles não eram responsáveis pela ignorância, eles fizeram o melhor que podiam com a informação a sua disposição. Eles procuravam pelos padrões do mundo natural e da sociedade moderna e então, somente então deram os seus melhores palpites sobre o que haveria além, nós deveríamos fazer o mesmo.
‘O homem é e sempre foi o criador dos deuses. Isto tem sido a mais séria e significante ocupação da sua permanência nesse mundo. ‘ John Burroughs
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