Para iniciar um assunto tão polêmico é necessário compreender o que estamos argumentando e porque. Primeiramente que a palavra Fé, não é apenas acreditar em algo fortemente com ou sem evidencias. Fé é uma forma utilizada para se explicar o que é sentido. Pode-se dizer que o sentimento de certeza que todos nós temos, é o que melhor se encaixa com a descrição e definição de Fé.
Em relação a Palavra Fé, a palavra pode ser a junção de diversas palavras ou significar apenas uma delas. Por exemplo, a pessoa estar convicta, pode ser utilizada pelo religioso como Fé. A pessoa ter esperança pode ser traduzida para o religioso como Fé. De fato a palavra 'Fé' vem acompanhada de um pacote de várias palavras e que ao mesmo tempo pode significar apenas uma delas. Quando estiver debatendo ou conversando com um religioso busque compreender o que ele quer dizer com a palavra Fé. Se o mesmo está se referindo a confiar em algo, a ter certeza de algo, ou se ele está falando de conforto, de esperança, de felicidade, de satisfação, descubra qual palavra ou palavras ele está utilizando com a palavra Fé. Quando você descobre em qual contexto o religioso está utilizando a palavra Fé, você estará apto a entendê-lo melhor.
Não tenha medo de ser acusado de ter Fé. Muitas vezes a pessoa pode estar se referindo a você ter certeza em sua descrença e a palavra Fé é utilizada para descrever está descrença. Por isso tente compreender em qual contexto a palavra Fé está sendo utilizada. A palavra Fé não é uma ameaça, porém como ela não está de uma forma que nós ateus podemos aceita-la, tendemos a vê-la como uma ofensa. E assim saímos dizendo que não temos Fé. Como alguém pode se ofender com algo sem nem mesmo saber o contexto da questão?
A segunda parte da questão envolve conhecimento. O problema é que tem muitos ateus, assim como eu no passado que acreditava que a Fé ou a religião é baseada na ignorância. O intrigante é que eu como ateu não preciso ser Inteligente ou possuir enorme conhecimento para ser ateu. Simplesmente tenho a certeza de que Deus não existe. isto me traz sentido de vida. Não preciso provar a inexistência de Deus racionalmente, apenas sinto que Deus não existe. A partir do momento que este sentimento se inclinar para o outro lado, eu posso acreditar em Deus. Perceba que está é uma posição pessoal e não racional. Não posso ser convencido a não ser que, em questões de sentimento e emoções, eu receba algo mais intenso do que recebo no momento em meu ateísmo. Da mesma forma que sei que um religiosa não irá deixar de ser religioso ou seguir para outro segmento religioso, se não sentir algo mais forte do que sente atualmente.
Por exemplo, se eu perder uma pessoa que eu amo muito, está dor estará tão intensificada que posso encontrar conforto tanto no ateísmo quanto no teísmo. Em outras palavras, somente quando o que sentimos diminuí ou é trocada por um sentimento ainda mais forte, somente então estaremos apto a trocar de ideologia. Por exemplo, um filho que nasce pode amenizar a dor e o sofrimento de uma família que perdeu algum filho. O sentimento de perda, assim como o prazer, tem uma forte ligação com nossas crenças ou descrença. Sem eles não sentiríamos prazer ou o medo de perder aquilo que confiamos e estamos convictos. Nenhuma ideologia pode ser vista como verdadeira baseada em nossas emoções, pois é impossível saber se o que seguimos é verdade ou não através do que sentimos.
Vamos supor que Deus exista, não importa qual evidencia que me mostrem e nem mesmo que Deus apareça em minha frente, eu continuaria como Ateu. Isto porque o que sinto não está direcionado a Deus ou a qualquer objeto religioso. Em oposição, o que um religioso sente é o mesmo em relação ao teísmo. Tudo o que eu disse sobre minha pessoa e o ateísmo, de forma pessoal tem a mesma validade para o teísta. Não são provas, evidencias e muito menos argumentos que podem fazer a minha cabeça ou a cabeça do teísta. isto porque é uma posição pessoal.
O que podemos concluir é que o que sentimos não prova a existência de Deus e muito menos sua inexistência. O que sentimos apenas é uma prova de que existem atividades cerebrais da qual são direcionadas para o Sentido de vida, do qual estamos convictos. Além de gerar o sentimento de certeza, nos faz sentir bem com a decisão que supostamente tomamos. Este sentimento pode durar uma vida inteira, pode se intensificar ainda mias, ou pode desaparecer e também pode ser direcionado para outra ideologia do mesmo segmento ou totalmente oposta.
Pode-se dizer que em muitos casos ter Fé ou estar convicto de algo, pode ser tratado como ignorância, porém está é uma posição falaciosa e incorreta. A razão é bem simples, existem pessoas geniais e muito inteligente que são religiosas. Eles analisam os argumentos e mesmo assim continuam religiosos. Isto porque questões pessoas não dependem exclusivamente do conhecimento ou da inteligência. É uma questão pessoal.
Porém eis o problema: Podemos utilizar algo pessoal de forma racional?
A resposta é única e deve ser utilizada em bom som. Porém podemos utilizar a razão e o que é racional para justificar nossas crenças pessoais. Este é o 'x' da questão. Algumas pessoas são capazes de olhar argumentos, provas e evidencias, e assim mudar de posição e crença. Quando falamos de questões pessoais elas devem se ater a questões pessoais. O argumento Pessoal em si é uma falácia, já que o mesmo não pode ser utilizado como uma forma de apoiar qualquer argumento racional.
Porém a razão justifica em muito posições pessoais. Por exemplo, quando o religioso adquiriu evidencias o suficiente para demonstrar que o Jesus histórico existiu, se sentiram aliviados e contentes pois agora, não estavam tanto assim na obscuridade da crença e passam a ver o que acreditam com maior clareza. Para muitos religiosos que acreditam em Cristo, evidencias da existência de Cristo seria o suficiente para provar a Divindade de Cristo. Porém existe um grande abismo para Demonstrar que Jesus Cristo é Deus.
Mesmo que em muitos casos uma evidencia não seja tendenciosa, a pessoa busca uma confirmação daquilo que a evidencia não confirma. Isto é conhecido como Viés da Confirmação e que com o auxilio da associação, o cérebro faz o trabalho de permitir que a pessoa encontre padrões e que acredite nesses padrões. Evidencias da existência de um Jesus Histórico, não está associada de forma alguma com um Jesus Divino. Está é uma das formas que algumas evidencias podem justificar a crença de forma racional.
Ateus, assim como eu, que amamos entrar em questões racionais, em muitos casos cometemos o erro de dizer que a Fé é uma questão irracional. Assim como afirmar que a Fé é ignorância e que religião se baseia na Fé e por isso são ignorantes é tão infundada quanto dizer que a Fé é irracional. Primeiramente é que racionalmente podemos entender a Fé. Uma vez que entendemos os mecanismo que geram a Fé e a Certeza pessoal, compreendemos o porque a Razão não interfere tanto em questões pessoais.
Um último ponto que gostaria de ressaltar é que, como todos nós possuímos em nosso sistema o Sentido de vida, que é uma programação que é direcionada a algum objetivo do qual permitirá que além de nossa vida faça sentido, sejamos capazes de perseguir algo em nossa vida, o que é justamente uma razão de viver ou razões de viver, está programação pode ser direcionada tanto ao ateísmo, quanto ao teísmo ou a qualquer outra forma de crença que se encontre no nível mais elevada das crenças, que é aquela que traz o sentido de vida.
Conclusão
A Fé pode ser entendida e eu como ateu entendo ela muito bem. Ela pode ser baseada tanto na ignorância quando no conhecimento. Pode ser baseada em evidencias ou em nenhuma evidencia. O meu ateísmo não precisa de evidencia alguma, porém meu ateísmo poderia ter diversas evidencias que o tornem verdadeiro. Porém isto não importa quando falamos de questões pessoais. O que sentimos será aquilo que irá nos guiar. E se sentimos que deus existe ou que não existe, iremos seguir nesta direção. A grande luta é a forma como lidamos com questões pessoais e racionais.
Em meu mundo, principalmente no nível de conscientização ao qual me encontro, não tenho qualquer problema em respeitar posições pessoais. Em meu nível de maturidade, sou capaz de conversar sobre qualquer assunto e não me sentir ofendido. Porém no mundo, milhares de pessoas não são assim. Milhares de pessoas não são capazes de sentar na mesa e discutir sobre religião. Neste sentido cheguei a conclusão de que não existem assuntos que não podemos conversar, existem pessoas das quais não vale apena discutir.
Racionalmente, posso sentar em uma mesa e avaliar as provas teístas de mente aberta, sem julgar e assim poder chegar a alguma conclusão. Não é isso que os cientistas fazem? Não permita que sua arrogância e seu Ego, te obrigue a chegar a conclusões e utilizar argumentos falaciosos pela forma em que você acredita em algo. Seja você ateu ou teísta, tenha em mente que, posições pessoas não definem quem a pessoa é, caráter, personalidade, conhecimento, inteligência, tendência, educação, nos oferecem indicações de quem a pessoa seja. Avalie o comportamento da pessoa e principalmente avalie em que nível a pessoa se encontra. Clique Aqui para compreender como pode vencer o Ego e evitar que suas convicções pessoais atinjam sua vida de forma negativa.
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