Uma das perguntas que nos persegue por milênios se baseia na ideia de liberdade de escolha ou do livre arbítrio. Não há muito tempo atrás, a religião adotou em sua filosofia o livre arbítrio. Em outras palavras estão dizendo que nós podemos escolher o caminho a seguir e que somos responsáveis por nossas escolhas. concordo que nossas escolhas são de nossa responsabilidade, porém somos nós (eu consciente) que de fato toma ou faz alguma escolha?
No mundo religioso, a visão de que estamos mortos por não escolher a Deus tem causado grande temor e equívoco, trazendo assim sofrimento a vida de milhares de pessoas.
Este Guerra entre Determinismo e Livre Arbítrio parece que finalmente chegou a sua conclusão. Quando Freud Surgiu com suas ideias naturalmente foi confrontado pela religião, como relata Bertrand Russel em sua obra 'porque não sou cristão'. A Religião não se opõe a ideias que não a confronte diretamente, porém o que Freud estava demonstrando com suas descobertas estava muito além de poder ser silenciado.
Desde então temos evoluído muito na compreensão de como nosso cérebro trabalha e funciona. Um novo universo foi aberto diante de nossos olhos. Descobertas intrigantes, que explicam diversos problemas psicológicos, assim como surtos e em muitos casos explicando o porque certas pessoas agem como agem, incluindo o que as leva a fazer o que consideramos errado, tais descobertas tem mostrado que o que a religião dizia sobre estes problemas eram falsos e baseado em um conhecimento superficial.
O mal, que em muitos casos fazemos uns aos outros, era simplesmente explicado pela religião do Cristianismo através do demônio e o bem que fazemos uns aos outros, era visto como proveniente de Deus. Em muitos casos, diziam que faziam o bem porque deus era bom. A religião nunca chegou perto de descobrir as reais razões por traz do mal e do bem. Sempre afirmaram porém de forma tão simples que para nós vivendo neste exato momento, achamos fraco ou baseado em pouca informação. Porém para as pessoas naquela época, está era a coisa moderna de seu tempo. Muitos religiosos foram pessoas que possuíam enorme conhecimento para sua época e fizeram progresso com as ferramentas que possuíam. Hoje, a religião foi passada para trás na busca de qualquer conhecimento, já que a ciência se mostrou como uma ferramenta muito mais eficiente e capaz de explicar até mesmo a crença em Deus e principalmente o mundo e o universo ao nosso redor.
Não me assusta do porque a religião ainda gerar em milhares de pessoas o sentimento anticiência.
Freud e diversas pessoas do passado, abriram uma nova porta de conhecimento que mudaria a forma como lidamos com o mundo e com nós mesmos.
Muitos ainda hoje, com certo equivoco, acreditam que nós tomamos decisões conscientes ou que estou escrevendo essas palavras porque quero escrever. O fato é que, cada letra e palavra que coloco neste texto, não é uma escolha consciente sobre a questão.
Porém, podemos controlar nossas emoções? Somos livres para escolher as emoções que sentimos? Podemos controlar e acessar as memórias que tanto queremos? Podemos escolher viver por Deus ou não?
O fato é que, não escolhemos amar nossos filhos e muito menos sabemos explicar o porque os amamos. Uma necessidade intensa, gerada por processos e atividades cerebrais, ligando diversos pontos e diversas partes de nosso cérebro, gera o sentimento de uma mãe por seu filho. Porém uma mãe não pode escolher amar seu filho, ela simplesmente ama seu filho. Este simples exemplo, implica que não podemos tomar as maiores decisões que influenciam toda nossa vida, da mesma forma que uma mãe não escolhe amar seu filho.
Podemos controlar nossas emoções?
Segundo o livre arbítrio podemos escolher viver por deus ou morrer sem ele, porém podemos controlar o que sentimos em relação a Deus? Assim como uma mãe não pode controlar o que sente por seu filho, não podemos controlar aquilo que sentimos direcionado a Deus ou a qualquer outro deus ou ao próprio ateísmo.
O fato é que, não podemos controlar nossas emoções, se não podemos controlar nossas emoções, muito menos seriamos capazes de escolher Deus ou o ateísmo sobre a influência do que sentimos. Isto quer dizer que se o que eu sinto em relação a Deus gera o sentido de vida, que é a forma mais elevada de convicção que temos, também não está sobre nosso controle.
O prazer é outro ótimo exemplo. Quando uma ideia tem sentido para nós, automaticamente nosso cérebro gera um pacote através da convicção que permite que o individuo se sinta bem, se sinta feliz, alegre. Tenha prazer, esteja confortável, seguro. O sentimento de certeza é direcionado a está ideia. Toda sua vida é modificada para satisfazer aquilo que lhe traz sentido de vida. Naturalmente, irá pensar conscientemente que é você que está tomando tais decisões no dia a dia, porém jamais irá se questionar o porque foi em uma igreja no domingo ao invés de assistir a corrida de formula 1.
De forma simples, o sentido de vida está direcionado para satisfazer uma determinada ideia. Então se Deus é o principal sentido de vida na vida de um religioso, o mesmo seguirá o caminho que satisfaça está crença. O sentido de vida além de dar a certeza, também é um excelente motivador. Louvar a Deus se torna mais importante que a corrida de formula 1. Se torna mais importante que sua própria família, de forma imposta ou seja obrigatória, o religiosa não pode assistir a formula 1. De fato, ele preferirá ir para a Igreja ao invés de ficar em casa. Isto porque a decisão de ficar em casa ou ir para a Igreja, foi tomada muito antes dele chegar a pensar sobre a questão. O cérebro é magnífico e sua estrutura pode ser programado e reprogramado, da mesma forma que pode se manter no estado atual.
O inconsciente é o suficiente para derrubar o livre arbítrio.
O que poucas pessoas sabem é que, quando avaliamos o inconsciente, isto muda completamente nossa perspectiva. Percebemos que em nossa vida, praticamente em tudo que fazemos não temos qualquer controle. Quando andamos na rua, não nos preocupamos se estamos andando corretamente, simplesmente andamos. Não nos preocupamos com isso pois estamos utilizando nosso consciente para pensar em outras coisas. Imaginar outras coisas. Nosso inconsciente mantêm tudo no piloto automático, assim não precisamos nos preocupar com o óbvio, ou seja, somente iremos nos preocupar com coisas que nos chama a atenção. Quando estávamos aprendendo a andar, existia uma preocupação consciente, porém uma vez que aprendemos a andar, nosso cérebro guarda essas informações e as utiliza e as adapta ao ambiente ou ao que for necessário. É uma incrível ferramenta que temos.
A forma como pensamos na Crença deve ser revista e analisada coerentemente. Nosso inconsciente é uma máquina fantástica. Se quer realmente ficar impressionado saiba que seu cérebro ainda é o computador mais potente do mundo.
Analisando estes pontos simples até o momento podemos chegar parcialmente a alguma conclusão referente ao livre arbítrio?
A principio sim. A principal questão nossas crenças nada mais é do que atividades cerebrais, fazendo justamente o que devem fazer. Não gostamos de nos gabar das máquinas que construímos e nos esquecemos das máquinas que somos. A parte mais chocante é saber que está estrutura que todos nós temos, gera a convicção da qual nos permite ter um sentido de vida.
Agora vem a parte intrigante e que acredito que muitos de vocês podem não aceitar. Porém tudo bem, você não precisa aceitar nada do que estou dizendo, mas vale apena refletir.
Todos temos pessoas que amamos e todos temos pessoas que odiamos. Pessoas que se encontram nesse meio termo entre amor e ódio, não possuem tanta importância para nós. Percebemos que nossas emoções são a mesma em relação a pessoas que amamos e a pessoas que odiamos, mesmo nós dois sendo de lugares diferentes ou parecidos. Porém o que sentimos em relação a nossos pais e familiares, não prova que nossas pais e familiares existem, porém prova que o que sentimos existe. Este mesmo sentimento também pode ser voltado para deus ou qualquer deus. A pessoa sente, tem certeza, porém isto pode acontecer com qualquer tipo de deus existente. O que nós sentimos não prova a existência de Deus, de fato, dizer que o que sentimos prova a existência de Deus, é simplesmente uma falácia e rapidamente entra em contradição com a frase abaixo:
- Se o que eu sinto prova que um determinado deus existe, o que outra pessoa sente em relação a um deus totalmente diferente do meu, o que ela sente também não provaria a existência do deus que ela segue?
Em muitos casos os religiosos foram ensinados na Doutrina do Livre Arbítrio e naturalmente negam outros deuses, porém é impossível para qualquer religiosa que seja, provar que o que a outra pessoa sente é falsa ou que ela é livre para fazer está escolha. De fato, o que sentimos oferece um caminho contraditório entre ideias e posições pessoais. Quando falamos de forma pessoal nenhuma ideologia é verdadeira. Não importa o quanto implorem e o quanto justifiquem, nosso cérebro não trabalha como definições o argumento pessoal ou que sentimos. O que sentimos apenas reforça um argumento utilizado a muito tempo:
- Tudo o que sentimos, nada mais é do que atividades cerebrais fazendo o papel que devem fazer.
Não existe um toque de Deus, dizendo o que deve fazer, é seu cérebro analisando uma quantidade de informações absurdas e passando essa informação através de sentimentos. Quando estamos surfando nosso cérebro depois de algum tempo, não perde tanto tempo fazendo cálculos e analises. Pelo fato de ter tanta informação, agora ao invés de questionarmos se uma onda será boa ou não, sentimos e então perseguimos a onda.
Ideologias foram criadas a partir de necessidades humanas. Ideologias aumentam as chances de sobrevivência, reprodução e qualidade de um determinado grupo. A união do grupo é baseado nesta conexão através do que sentem, o que gera uma união do grupo. Leis naturalmente surgem conforme a necessidade humana. A moralidade a ética, ganharam existência a partir de necessidades humanas.
A parte mais intrigante é que cada pessoa, tem suas Leis, Regras e principalmente sua ética. Das quais são influenciadas por questões biológicas, providas pelo ambiente, pela maturidade, conhecimento, experiência de vida, criação familiar, cultura e etc. Cada pessoa tem suas crenças pessoais que nada mais passa de processos.
O Libre arbítrio não demonstra o porque somos capazes de escolher entre dois pontos, ele simplesmente alega que nós podemos fazer essa escolha ou melhor que somos capazes de fazer está escolha.
Não posso escolher não amar meu filho, portanto não sou livre para fazer uma escolha, sou obrigado a aceitar a única opção que tenho. Não posso controlar minhas emoções se eles não estiverem dentro de um limite consciente, porém não tenho qualquer escolha a não ser agir sobre o efeito delas, quando elas estão além do limite consciente. Não posso escolher ser ateu, se meu sentido de vida está direcionado a Deus. Simplesmente não existe libre arbítrio, e da mesma forma, que se eu sou Ateu, meu sentido de vida não está direcionado ao teísmo. Da mesma forma não sou livre para fazer tal escolha.
Se o que sinto não mudar, não posso mudar de ideologia. meus olhos e ouvidos naturalmente se fecham. Se eu sou ateu, naturalmente as coisas de ateu, vão me atrair mais. Não porque eu tenho uma escolha, mas porque no momento estou programado a sentir prazer e me sentir motivado com uma vida provida pelo ateísmo. Não é uma escolha. Isto é parecido quando obrigamos a alguém ficar conosco quando a pessoa ama outra pessoa. Um religioso sofre o mesmo efeito em relação ao que acredita ou segue da mesma forma, em um sentido pessoal que o ateu.
O Fato é que, o livre arbítrio hoje perdeu sua influência e aqueles que ainda utilizam o livre Arbítrio como argumento para defender Deus, certamente não sabem o que estão fazendo.
Por muito tempo fui religioso, porém não me tornei ateu da noite para o dia. Bem, se existisse o livre arbítrio seria muito fácil me tornar ateu, porém somente depois de muito tempo me tornei ateu. Isto porque para se tornar um ateu sendo religioso ou se tornar um religioso sendo ateu, é necessário um processo.
Este ciclo pode demorar um período curto de tempo ou um longo período de tempo. Muitas pessoas entram em depressão, perdem o sentido de vida, porém este tipo de ciclo é comum em nossas vidas e com frequência utilizamos quando trocamos de amigos por exemplo. Porém como estamos falando de sentido de vida, é algo um pouco mais complicado pois afeta toda a estrutura de programação da qual deve ser reescrita. Então do prazer de nossa ideologia passamos para a dor e o sofrimento. Porém, este ciclo é importante pois o prazer e conforto que sentimos em qualquer coisa na vida, nos obriga a nos manter em um determinado lugar ou a buscar determinado objeto ou objetivo. Quando estamos sobre o efeito da dor e do sofrimento, existe uma razão para o mesmo existir. O sofrimento e a dor nos faz questionar, nos faz sair do lugar, nos obriga a acabar com a rotina e encontrar algo novo.
O prazer nos obriga a manter o que queremos, e a dor nos obriga a buscar algo novo ou a evitar a perda de algo. Quando passamos pela dor, normalmente é o momento em que encontramos uma nova razão ou intensificamos votos antigos e então voltamos novamente a receber o prazer e conforto.
Perceba que não controlamos essa mudança e muito menos podemos escolher passar por ela. Não existe liberdade para se fazer uma escolha.
Porque as pessoas fazem o mal?
De maneira simples, podemos fazer o mal a alguém baseado no prazer ou na dor. Da qual nos leva a questões mais básicas e simples que envolvem a sobrevivência, a reprodução e a qualidade de vida. O que decidimos ser certo ou errado, é baseado exclusivamente na sobrevivência, reprodução e qualidade de vida. Os 10 mandamentos da Bíblia por exemplo, demonstra tanto uma necessidade de sobrevivência de um determinado deus quando da sobrevivência de uma nação. Isto permite que eles se reproduzam e que melhorem a qualidade de vida.
O sistema moderno de justiça, moralidade e ética, se baseias nestas regras. A religião e moralidade religiosa se baseia também nesta regra. Um exemplo simples, é porque um traficante continua a ser traficante. Eis algumas prováveis razões, Primeiramente o glamour do dinheiro e dominância, o que naturalmente gera poder, influência entre outros, porém o que está por trás de tal posição é a qualidade de vida que através deste poder e influência, suas chances de reproduzir aumentam, assim como de sobrevivência através de uma suposta boa vida.
Em segundo lugar, alguém pode fazer o mal por alguma necessidade. Se eu tenho filhos e não tenho o que comer, e não consigo qualquer forma de emprego, serei obrigado a fazer algo, posso me prostituir, vender meu corpo, ou roubar, agredir e até quem sabe matar. Por trás de minhas atitudes estão questões básicas como a necessidade de sobreviver, de reproduzir e de ter uma qualidade de vida melhor.
Nem mesmo nesta questão somos livres para escolher o caminho que queremos quando não temos opções ou somos influenciados a entrar em tal caminho. O mal também pode acontecer por questões biológicas, pelo fato de 'ninguém descobrir', pode acontecer por causa da raiva, por causa do amor. A maldade assim como bondade podem acontecer por diversas razões e ser ateu ou teísta, não te livra por completo dessas influências. Se fosse necessário, mataríamos para continuar vivos e baseado na necessidade de sobrevivência, matar uma pessoa não seria moralmente errado.
O que nos afasta de fazer o mal? Deus?
Não. Quando temos opções não precisamos fazer o mal sem reais motivos para o mesmo. Se em minha programação desde pequeno, eu for instruído em determinado caminho é muito provável que eu siga este caminho por toda minha vida. Se eu for ensinado na tolerância, se meu ambiente for favorável ao conhecimento, a razão, a maturidade, conscientização, terei uma visão do mundo que me impedirá que seguir um caminho que possa afetar minha sobrevivência, e qualidade de vida a longo prazo.
Enquanto que outra pessoa que nascer em uma cultura que tenha uma estrutura bem diferente da minha, terá uma vida bem diferente da minha. Se o mesmo nascer em uma ideologia ou cultura que aprendem desde pequenos que matar alguém por fazer sexo antes do casamento não é algo errado, o individuo irá crescer com está mentalidade. Imagine que o mesmo aconteça contra homossexuais, ateus e pessoas de outras religiões como em alguns países acontecem.
Percebemos que o sistema sobrevivência, reprodução e qualidade de vida, assim como o determinismo explica muito melhor o mundo ao qual estamos do que deus e o Livre arbítrio.
Tenho uma pergunta. Se o inconsciente derruba o livre arbítrio, como você diz, de onde vem o inconsciente? Não seria de uma ação já tomada anteriormente? Isso não seria livre arbítrio? Pois se você tem uma máquina (cérebro) e ele armazena informações, e você é colocado em uma mesma situação e escolhe outro caminho, isso não é livre arbítrio, ou poder de escolha, chame como quiser?
ResponderExcluirSe você diz que virou ateu, e não existe Deus, e não temos o livre arbítrio, porque a milênios alguém criaria o personagem Deus?
A questão de sermos "obrigados" a amar as pessoas de nosso sangue(filhos no seu exemplo), porque existem mães que abandonam filhos, matam, mal tratam, claro que isso não diz que elas não se amem, mas fica um tanto difícil de acreditar é compreender através dá sua lógica.
Se somos regidos pelas leis da física, porque mudamos tanto o nosso planeta? E não vivemos como subjulgados das leis da natureza e dá física como os animais irracionais?