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quinta-feira, 7 de maio de 2015

A Câmara nas garras do fundamentalismo

Sessão destinada a votação da PEC do Orçamento Impositivo
Mal esquentou a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados, e o Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), membro da bancada evangélica, já mostrou ao que veio: seguindo a cartilha teocrática da bancada da qual faz parte, em poucos dias o parlamentar já se posicionou de forma veemente contra liberdades individuais contrárias aos dogmas da sua crença, atuou no sentido de impedir avanços nos direitos dos homossexuais e maculou a casa legislativa que preside com um ritual religioso.
Quando alertei para o risco da ascensão dos fundamentalistas no meu vídeo “A Ameaça das Bancadas Religiosas”, em julho de 2013, expliquei que o plano dos parlamentares teocratas se baseia na tomada de poder paulatinamente. Um projeto de lei aqui, um deputado a mais sendo eleito acolá, e tanto a influência dos evangélicos aumentará, como seus arroubos anti-laicistas passarão a ser vistos com mais condescendência. A chegada de um deputado com o perfil de Cunha na presidência da Câmara é um passo importante neste ameaçador avanço da frente teocrática.
Nesta segunda-feira, 9, Eduardo Cunha, que foi eleito para o cargo com apoio maciço da bancada evangélica, declarou-se radicalmente contra a votação de qualquer projeto de legalização do aborto no Brasil. O fervor com que promete combater qualquer tentativa de salvar a vida de centenas de mulheres que morrem anualmente no país em clínicas de aborto clandestinas foi escancarado com uma declaração bem ao gosto dos correligionários apreciadores de discursos inflamados: “Vai ter que passar por cima do meu cadáver para votar”.
No dia seguinte, Cunha ainda teve fôlego para mais uma vez manifestar seu total desprezo à laicidade constitucional, ao criar uma comissão especial com o objetivo de acelerar a tramitação de um projeto que reconhece como família apenas os núcleos sociais formados da união de um homem e de uma mulher, o famigerado “Estatuto da Família” – que visa, obviamente, impedir que a união de casais homoafetivos possa ser considerada como uma família. A motivação religiosa deste retrocesso social é evidente, e Eduardo Cunha aqui faz o papel de raposa que tem a responsabilidade de tomar conta do galinheiro.
Na manhã do mesmo dia, o presidente da Câmara participou de um culto organizado pelo presidente da bancada evangélica, Deputado João Campos (PSDB‬-GO). “Não vou abrir mão dos meus princípios cristãos pelo fato de estar na presidência da Câmara.”, disse Cunha. Nenhum problema com o direito do deputado exercer seu direito à religiosidade. O problema é que o culto, mais uma vez, ocorreu nas dependências da Câmara dos Deputados. Ou seja, instalações públicas que deveriam ser utilizadas com fins bem diferentes da execução de cerimônias religiosas. Cabe a pergunta: a bancada aceitaria que o mesmo espaço fosse reservado, em algum dia da semana, para práticas de rituais religiosos de umbanda, por exemplo?
A verdade é que Eduardo Cunha é um legítimo representante, não do povo, mas da bancada evangélica. E como grande parte da mesma, tem pecados a serem expurgados com a justiça! Cunha responde a um inquérito no STF por crimes contra a ordem tributária, e a outras ações por crime de improbidade administrativa.
Típico!

Fonte: Papo de Primata (http://papodeprimata.com.br/a-camara-nas-garras-do-fundamentalismo/)

Vídeo “A ameaça das bancadas religiosas”:



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